segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Será que a greve custa caro?


Há alguns dias temos visto pela mídia uma campanha publicitária encampada pelo Fórum das Entidades Empresariais com o título “Greve custa caro”. A campanha reconhece que fazer Greve é um direito garantido pela Constituição. E é legítimo que as classes façam suas reivindicações e lutem por melhorias salariais.

Contudo a propaganda tenta confundir a opinião da sociedade com argumento insidioso, imputando a ela a responsabilidade de analisar com muito critério, uma vez que qualquer aumento além dos índices de capacidade dos governos significa elevação da carga tributária. Segundo eles, além de sofrer com o transtorno da falta de serviços, é a população que paga a diferença.

Ao final a peça publicitária pede uma reflexão à sociedade com a seguinte questão “Pense nisso, afinal, para garantir o direito de uns, não é preciso prejudicar o bolso dos outros”.

Fazemos o seguinte questionamento ao Fórum das Entidades Empresariais, autor da patética campanha e que deve ter gasto horrores com a peça publicitária. Porque não ter gasto este dinheiro realizando uma campanha voltada contra a corrupção no Brasil e principalmente em nosso Estado? Cobrando das autoridades rigor na apuração e na responsabilização dos culpados?

Vejamos, frequentemente assistimos atônitos banalização da corrupção se manifestar em todos os níveis e poderes de nosso País, em uma sucessão de escândalos. Não Vamos muito longe as suspeitas de corrupção e de superfaturamento de obras envolvendo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), suspeita de irregularidades no Ministério da Agriculutra desde que ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Oscar Jucá Neto, irmão do líder no governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), a Reportagem da revista "Isto É" mostrou que o Ministério das Cidades libera recursos para obras classificadas como irregulares pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e que age a favor de empresas que, juntas, doaram cerca de R$ 15 milhões em 2010 para campanhas eleitorais do PP, partido que comanda o ministério. A revista "Época" divulgou a existência de um esquema de cobrança de propinas dentro da ANP (Agência Nacional do Petróleo), ligada ao Ministério de Minas e Energia. Segundo a revista, a advogada Vanusa Sampaio, que representa companhias do ramo, foi procurada por dois assessores do órgão em 2008. Nós não poderíamos deixar de destacar no nosso estado o "escândalo das máquinas", onde as investigações verificaram o superfaturamento de R$ 44 milhões na compra de 705 máquinas e equipamentos para recuperação de asfalto e estradas, no valor de R$ 241 milhões, por meio de licitações fraudulentas.

Atualmente Investigadores e Escrivães de Mato Grosso estão sim de greve, pleiteando valorização, reconhecimento da carreira de nível superior e, sobretudo melhorias salariais, fato este que não prejudica o bolso dos outros, como é dita na ardilosa peça. O que realmente prejudica e onera os cofres públicos é a corrupção desenfreada, pois a sociedade em quem paga por pessímos serviços públicos, falo apenas dos indelegáveis (Saúde, Segurança e Educação).

Embora a capciosa peça publicitária não mencione os Investigadores e Escrivães de Mato Grosso atualmente em greve é bom observar que a veiculação de anúncios e campanhas de conteúdo enganoso, ofensivo, abusivo ou que desrespeitam, outras entidades devam ser submetidas, as normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. Portanto estejamos atentos a qualquer manobra que venha nos constranger quanto ao exercício de um direito legítimo garantido pela Constituição.

A sociedade precisa saber que se fosse dado um salário digno a esta valorosa classe o impacto seria infinitamente pequeno perto dos rombos no erário causados pelo câncer da corrupção.

Ademar Torres de Almeida: Investigador de Polícia Bacharel em Comunicação Social, Direito e Especialista em Segurança Pública e Direitos Humanos. Contato: (65) 9952-0524 - E-mail: ademaralmeida@policiacivil.mt.gov.br

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