Repassando e-mail recebido
Caros amigos,
Encaminhamos um artigo em que Salesio Nuhs - Presidente da Associação
Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), comenta sobre a origem das
armas de fogo apreendidas no Brasil, importantes apreensões parecem não
serem consideradas em pesquisas sobre o assunto. Sendo que é de extrema
importância estudar, avaliar informações e apresentar conclusões. O problema
surge quando invertemos essa ordem e destruímos a lógica da pesquisa ou então
quando não analisamos o cenário todo, mas somente pequenas partes ligadas a
algum interesse.
Abraços,
Equipe Superinformativo
A origem das Armas
Recentemente, foram apreendidas na Alfândega da Receita Federal no
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Galeão 20 pistolas semiautomáticas
calibre 9mm, de uso restrito da Polícia e das Forças Armadas. As encomendas,
que tinham como destinos diversos estados brasileiros, foram postadas na cidade
de Houston, nos EUA, e estavam declaradas como brinquedo para treinamento.
Em outra operação recente, batizada de Bed Bugs, 22 fuzis e 12 mil
munições foram apreendidos. Na ocasião, a Polícia Federal desarticulou uma
quadrilha especializada no tráfico internacional de armas, cujos produtos eram
vendidos para traficantes de Minas Gerais, São Paulo e, principalmente, do Rio
de Janeiro. O armamento saía dos EUA dentro de colchões, em contêineres de
mudança de brasileiros que retornavam ao país, com destino ao Porto de Santos
(SP).
Um relatório oficial e detalhado das forças de segurança que atuaram em
2011 no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro revela que, das 289 armas
apreendidas nestas localidades, 172 delas (60% do total) são de uso restrito de
militares e policiais. O documento aponta que 222 (77%) são de fabricação
estrangeira. A maioria do armamento, 160 unidades (56%), é composta de fuzis ou
metralhadoras.
Esses são alguns dos exemplos de apreensões de grande escala em áreas
fiscalizadas, como aeroportos, portos e em operações, porém ainda milhares de
armamentos e munições circulam livremente entre os cerca de 16.800 km de
fronteiras brasileiras. Segundo o Ministério da Justiça, anualmente, são
apreendidas 80 mil armas de fogo nessas regiões. Dados do governo indicam que
de janeiro de 2010 a maio de 2011, foram apreendidas 2.235 armas de fogo,
aumento de 496%, e 280.785 munições (347%).
O que é mais surpreendente é que estas importantes apreensões parecem
não serem consideradas em pesquisas sobre o assunto.
O Instituto Sou da Paz analisou 466 armas de fogo apreendidas em
flagrante apenas na capital paulista no período de abril a junho de 2011, o que
torna o resultado um tanto quanto limitado no que se refere a traçar um
diagnóstico preciso das armas usadas pelos criminosos e fornecer informações
com o intuito de fomentar políticas públicas de segurança no país. O estudo
parece concluir pela inexistência do contrabando, o que não colabora para
criação de políticas públicas eficazes.
É de extrema importância estudar, avaliar informações e apresentar
conclusões. O problema surge quando invertemos essa ordem e destruímos a lógica
da pesquisa estatística ou então quando não analisamos o cenário todo, mas
somente pequenas partes ligadas a algum interesse.
A mídia diariamente divulga notícias de apreensões de armas de uso
restrito, automáticas, que não são comercializadas legalmente para o cidadão
comum, o que comprova que muitas das armas em circulação que estão nas mãos dos
criminosos vêm do exterior e estes dados precisam ser considerados. Identificar
apenas a marca da arma não significa descobrir de onde ela veio.
A indústria de armas tem dirigido esforços para auxiliar o governo
brasileiro no rastreamento e identificação de armas de fogo e munições. Desde
2011 vem voluntariamente propondo ao Governo a colocação de chip em todas as
armas, a proposta encontra-se em discussão.
Ter o controle das armas legais é o primeiro passo para a moralização.
Mais da metade das 16 milhões de armas de fogo que circulam pelo país não estão
sequer registradas no Sistema Nacional de Armas. Das que estão, em 2010, havia
8.974.456 de armas de fogo com registro ativo no Sinarm. Já em 2012, o número
passou para apenas 1.291.661. Com isso, 7.682.795 de armas estão com o registro
vencido, encontram-se irregulares no Brasil.
*Salesio Nuhs é presidente da Associação Nacional da Indústria de
Armas e Munições